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sábado, 1 de novembro de 2014

A Hora da Estrela - Clarice Lispector (minha primeira imersão no universo de Clarice e o que encontrei por lá ;)

Oi, gente, tudo bem? Então, eu li Clarice. ;)

 A Hora da Estrela - Clarice Lispector - Rocco: 

Livro da Biblioteca Municipal de Igrejinha - RS ;)

"- Antes de nos encontrarmos aqui no estúdio você me dizia que está começando um novo trabalho agora, uma novela…
- Não, eu acabei a novela.
- Que novela é essa, Clarice?
- É a história de uma moça tão pobre que só comia cachorro-quente.  Mas  a história não é isso só, não, a história é de uma inocência pisada, de uma miséria anônima…
- O cenário dessa novela é…
- É o Rio de Janeiro… Mas o personagem é nordestino, é de Alagoas…
- Onde você foi buscar a inspiração, dentro de si mesma?
- Eu morei no Recife, me criei no Nordeste. E depois, no Rio de Janeiro tem uma feira de nordestinos no Campo de São Cristóvão e uma vez eu fui lá. E peguei o ar meio perdido do nordestino no Rio de Janeiro. Daí começou a nascer a ideia. Depois eu fui a uma cartomante e ela disse várias coisas boas que iam acontecer e imaginei, quando tomei o táxi de volta, que seria muito engraçado se um táxi me atropelasse e eu morresse depois de ter ouvido todas aquelas coisas boas. Então a partir daí foi nascendo também a trama da história.
- Qual o nome da heroína da novela?
- Não quero dizer. É segredo.
- E o nome da novela, você poderia revelar?
- Treze nomes, treze títulos."

  E essas foram as palavras de Clarice sobre "A Hora da Estrela", seu último livro. 

  Um livro denso, profundo e doloroso. O retrato de uma moça nordestina tentando se arranjar no Rio de Janeiro. Não ser feliz, pois, para ela, era indigna da felicidade. Macabéa era uma moribunda. Uma moça pobre, financeira e espiritualmente. Sem nenhuma ambição na vida, além de, miseravelmente, desejar parecer-se com Marilyn Monroe. 
  Macabéa seguia com a sua vidinha, com algumas falsas alegrias e muitas decepções. Até encontrar Olímpico. Um homem nordestino que, de prontidão, pareceu ser do Bem. Pessoa que, mais tarde, descobrimos ser qualquer coisa, menos do Bem. Olímpico, no fundo, era como Macabéa: uma alma solitária tentando se encontrar.
 Maca, certo dia, vai à uma cartomante. Essa diz à ela que terá um belo futuro pela frente. Que será feliz, encontrará um homem lindo e maravilhoso, porém, não é isso que espera à nossa heroína. 

 Livro sensacional. Li numa sentada. Meu primeiro contato com a literatura de Clarice e posso dizer que, sem sombra de dúvida, foi amor à primeira vista. No decorrer da leitura, podemos perceber a ânsia do narrador para livrar-se da história, pois ela o consumia. Também é perceptível a ânsia pela morte que, ao meu ver, parecia, de certa forma, iminente. Clarice usou um nome para o narrador, mas todos sabemos que, tudo que estava escrito ali era ela, de corpo e alma.